As técnicas psicodramáticas apresentadas baseia-se na filosofia, teoria e prática propostas por Jacob Levy Moreno, e tem como objetivo promover e exercitar a postura, o pensamento e a prática psicodramática.
“O Psicodrama é uma metodologia de intervenção, diagnóstico e desenvolvimento humano, que trabalha basicamente com a ação e a representação. As pessoas representam seus conflitos, seus problemas de relacionamento e seus desejos”, Thelma Teixeira (diretora técnica da ABRH-MG).
É uma forma de trabalhar as relações interpessoais ou as questões subjetivas de um indivíduo, de maneira terapêutica, pedagógica e investigativa.
Seu campo de ação é a intersecção entre o individual e o social, pois focaliza o indivíduo no exercício das suas relações. O Eu nunca poderá encontrar-se através de si mesmo, só poderá encontrar-se através de um outro, do Tu.
Criado por Jacob Levy Moreno (1889–1974), psiquiatra romeno radicado nos Estados Unidos, pode ser utilizado em diferentes contextos para auxiliar as pessoas a resolver conflitos e melhorar relacionamentos.
O foco a ser trabalhado é evocado por sentimentos, lembranças ou histórias do cotidiano. Após a definição do tema emergente, os profissionais especialistas coordenam e ajudam tecnicamente o desenvolvimento das cenas, que podem envolver a vida real, o mundo da fantasia ou o mundo interno, experiências já vividas ou expectativas em relação ao futuro. No aqui e agora das dramatizações, os recursos de ação garantem o nível de envolvimento e o afloramento de emoções profundas, na busca de soluções existenciais criativas e adequadas.
Se o trabalho for individual, trabalha-se com representações da subjetividade e do mundo relacional do protagonista. Se for grupal, todos participam da construção coletiva que reflete a realidade grupal.
O Psicodrama é facilitador da manifestação das idéias, dos conflitos sobre um tema, dos dilemas morais, impedimentos e possibilidades de expressão em determinada situação. Fundamentado na teoria do momento e no princípio da espontaneidade, promove a participação livre de todos e estimula a criatividade na produção dramática e na catarse ativa.
Finaliza-se com o compartilhamento das emoções e com os comentários, inicialmente dos participantes da cena e depois do grande grupo, identificando-se cada um com a realidade que acaba de ser vivenciada.
O principal objetivo da ação dramática é favorecer aos membros do grupo a descoberta da riqueza inerente a todo ser humano.
Sua prática é fundamentada na Teoria dos Papéis e na Teoria da Espontaneidade.
Aplicações do Psicodrama:
- Como psicoterapia processual, sistematizada, grupal e individual;
- Como método de diagnóstico clínico;
- Como psicoterapia breve;
- Como ato terapêutico: vivências, psicodrama público, workshops, sessões abertas, jornal vivo, psicoterapia de sensibilização e mobilização sociodinâmica;
- Como estudo diagnóstico e terapêutico de grupos sociais amplos: comunidades, grupos étnicos, clubes, escolas e associações de todo o tipo
- Como estudo diagnóstico e terapêutico de grupos sociais configurados: prisões, reformatórios, conventos, asilos, etc;
- Como estudo diagnóstico e terapêutico de Instituições, nos seus aspectos burocráticos e funcionais;
- Como processo pedagógico e metodologia de ensino;
- Como processo de aperfeiçoamento das relações humanas em casa, na escola, no trabalho e na convivência social;
- Como processo de treinamento de lideranças grupais e comunitárias;
- Como processo de pesquisa no campo da assistência e do trabalho social;
- Como processo de treinamento criativo de pessoal e de equipes profissionais (role playing).
PSICODRAMA NAS ORGANIZAÇÕES
Thelma Teixeira descreve como se aplicar a técnica do psicodrama em empresas. Para isto, utilizam-se basicamente três estratégias. A primeira é o jogo dramático, feito em grupo para realizar um diagnóstico ou uma intervenção em uma situação de conflito e de relacionamento. A segunda estratégia é o role-playing ou jogo de papéis, em que as pessoas interpretam papéis. E por último pratica-se a inversão de papéis. Segundo Thelma, a inversão de papéis é uma estratégia básica, que produz um resultado muito interessante. Nela, um profissional toma o lugar do outro, sente e age como ele, fazendo-o entender o outro lado.
Na busca incessante de desenvolvimento, muitas vezes os processos humanos não são acompanhados como deveriam. Conflitos, falhas na comunicação e percepção, competição improdutiva, falta de liderança, dificuldade de trabalhar em equipe são alguns dos problemas que surgem no decorrer desta evolução.
A visão comum, as metas e objetivos ditados pelas organizações em busca de resultados eficazes devem estar alinhados com o auto desenvolvimento dos indivíduos que nela estão inseridos, através de uma comunicação eficiente, que gera confiança e segurança para lidar com os conflitos que surgem, juntamente com o desenvolvimento e aperfeiçoamento do trabalho em equipe.
Na busca dessa excelência nas relações de trabalho, o Psicodrama nos fornece ferramentas importantes que propiciam a liberação da espontaneidade e criatividade dos indivíduos, essenciais nestes momentos de transformação.
Espontaneidade significa dar respostas adequadas a situações novas e novas respostas a situações já conhecidas.
O Psicodrama possibilita trabalhar conjuntamente, o falar e o agir dos indivíduos, em busca de respostas adequadas, identificando e solucionando conflitos.
Desenvolve os processos de percepção e comunicação nas relações interpessoais, propiciando aos participantes descobrir novas formas de atuação. O diferencial reside na valorização das relações, nas relações horizontalizadas e no compartilhar das experiências vivenciadas.
QUEM FOI MORENO?
O médico romeno Jacob Levy Moreno, foi o criador do Psicodrama e do Sociodrama, é um exemplo de criatividade e dedicação à investigação psicológica e social. Este nasceu na Romênia em 1892 e faleceu nos EUA em 1974. Foi um homem de ampla cultura e forte idéias religiosas e filosóficas, amante do teatro e incansável investigador do homem e seus vínculos, deixou-nos uma obra escrita e um movimento psicodramático que abrange a América, Europa e Ásia.
Aos cinco anos de idade ocorreu à dita “brincadeira de ser Deus”, na qual ele e várias crianças brincavam de “ser Deus e seus anjos”. Moreno era Deus na brincadeira. As crianças empilharam várias cadeiras e ele ficou sentado no alto, com os anjos (outras crianças) dançando ao redor. Ao lhe ser dito que Deus voava Moreno então pulou do alto para um tombo no qual quebrou um braço.
CONCLUSÃO
Ao analisar os significados do Psicodrama cria-se a necessidade da implantação no contexto do trabalho, onde as práticas psicodramáticas possam gerar sugestões de como é importante estar sempre ressaltando o método para o desenvolvimento da capacidade de análise, manifestação dos interesses do grupo bem como para a descoberta do potencial grupal.
A possibilidade de um espaço de desenvolvimento para os participantes de um grupo esta ligada a motivação de tais, e diante da experiência com o Método Psicodramático traz a possibilidade desse espaço, pois, ao favorecer o desenvolvimento da criatividade e da espontaneidade os indivíduos assumem seus papeis de agentes de mudança.
Por fim, esse método psicodramático é totalmente eficiente por apresentar um resultado imediato, pois ocorre na hora da aplicação das atividades e ainda promove o espaço de fala, escuta, desenvolvimento da percepção de si e do outro.